NOTURNO
A espera acabou
O vinho quase acabou
E o que eu tinha para dizer
Não tem mais sentido
Eu ensaiei frases feitas
Dores teatrais
E um olhar que não sei mais repetir
Escutei as estrelas
-Ah! Elas fazem barulho sim
Elas cintilam sim
Não é de amor meu poema
Nem de solidão
Muito menos de mim
Ele é de ilusões
Dessas que a noites não tem solução
Tem rancor?
Tem algum
Melancolia?
Tem alguma
Alguma alegria?
Nenhuma adequada
Só o riso em repetir a olhar que ensaiei
Tem alguém que me fez escrever assim?
Essa disputa desigual com Deus que eu persigo
em descobrir algum segredo da noite
Essa madrugada é para afirmar
Que as estrelas fazem barulho
Quem me deixou acordado?
Esses devaneios que me tomam a noite
e que a lua e as estrelas me contam desatentas:
que eu não sou protagonista de nada...
Luciano Lopes